Na noite da última quarta-feira, 27, a Prefeitura de Montes Claros prestou uma homenagem à estilista e paisagista Maria Josefina Mendonça Ferreira, a Dona Josefina, falecida em 1998, aos 76 anos. A homenagem veio em forma da inauguração de um busto, obra do artista plástico Gu Ferreira, instalado no canteiro central da Avenida Francisco Sá, no centro da cidade.
Participaram da cerimônia o prefeito de Montes Claros, Humberto Souto (via teleconferência), o vice-prefeito, Guilherme Guimarães, secretários municipais e diversos parentes da homenageada.
Sebastião Darlan, filho de Maria Josefina, recordou a generosidade da mãe, visivelmente emocionado: "na nossa casa passaram mais de meia dúzia de primos para poder viver, todas as pessoas que tinham necessidade tinham o apoio dela, ela mandou 'feiras semanais', por décadas inteiras, para alguns parentes. Eu acho que esse sentido de generosidade talvez seja a herança mais importante que ela deixou pra todos nós".
Soter Magno, secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, afirmou: "aqui estamos, hoje, imortalizando a figura de Dona Josefina no coração de Montes Claros".
Guilherme Guimarães, vice-prefeito, destacou a importância desse tipo de homenagem para a cidade, já que valoriza a história e a identidade de Montes Claros. "O prefeito não se cansa de dizer: prédios são apenas prédios, o que vale mesmo são as pessoas que estão lá", pontuou.
O prefeito Humberto Souto concluiu: "quem constrói cultura, constrói a cidade. Estamos tendo o prazer e a honra de participar hoje desse momento tão significativo e tão simbólico, de prestigiar a cultura de Montes Claros, onde o nome de Dona Josefina está agora perpetuado para sempre, para que todos possam passar e perguntar 'quem é essa?' e as pessoas possam explicar quem ela foi e o que ela representou pra todos nós."
A HOMENAGEADA - Artista, inovadora e empreendedora, Josefina Mendonça nasceu em Montes Claros no ano de 1922, primogênita de 10 irmãos. Viveu parte da sua infância em São Pedro da Garça, onde os seus pais, João Xavier de Mendonça e Juraci de Souza Lima Mendonça, tinham um negócio e uma fazenda.
Casou-se aos 19 anos com o dentista e tenista belo-horizontino Sebastião Moreira Ferreira. Na década de 1940, acompanhava o esposo quando este ia jogar tênis, aos sábados, na Praça de Esportes, ambos de bicicleta e usando shorts brancos típicos, cena que surpreendia a sociedade daquela época.
Teve 7 filhos: César, Aline, Sebastião Darlan, Olavo, Adriano, Átila e Robledo. Era generosa, pois sempre estava ajudando algum parente ou pessoa em dificuldade. Recebia parentes em sua casa, para estudar. Era fã de livros de mistérios e colecionava obras de Agatha Christie e Ellery Queen, entre outros autores do gênero. Tinha um ateliê de costura, em casa, transformando desenhos em lindos vestidos brancos, que alimentavam os sonhos das moças.
Em seu sítio, no Cintra (hoje parte da cidade da área urbana), cultivava frutas. Gradualmente, foi transformando o sítio numa floricultura. Nos anos 50, produzia flores. Com o tempo, desenvolveu a técnica de armar buquês para decoração de eventos: festas, inaugurações de lojas, matrimônios, etc. Com o seu sentido artístico, o negócio de floricultura se desenvolveu: criou a “Floricultura Josephina”.
Em Montes Claros, foi a primeira mulher a usar calça comprida e shorts em público e uma das primeiras jovens esposas a passear de bicicleta pela cidade. Representou uma ruptura com os costumes tradicionais dos seus pais e tios. Criou duas empresas e se auto-educou para prestar um serviço de qualidade. Educou os filhos para que fossem pessoas independentes e conhecessem outros lugares. Nos últimos anos de vida, doou lotes e casas para todos os seus empregados do viveiro de plantas.
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