Acordei por volta das 6 horas da manhã. Tomei um café feito na cafeteira italiana e uma banana-maçã que já não estava mais no padrão de venda dos supermercados. Depois, perto da hora de sair de casa, ainda comi 2 biscoitos para “garantir” a quantidade de carboidratos necessária. A ansiedade era muita. Também, não havia uma corrida de rua em Montes Claros desde o início da pandemia. Ou melhor, desde fevereiro de 2020. O coração estava a mil, apesar da edição 2022 da Corrida José Nardel ser minha 46ª prova de 10 quilômetros. Isso mesmo: quadragésima sexta. Tenho todas as provas, e treinos, anotados em uma folha de A4 e em um arquivo de Word.
Decidi utilizar um aplicativo de transporte para ir até o local da prova, a Praça dos Jatobás, e que sairia de casa 30 minutos antes da largada. Defini o ponto de chegada em uma padaria nas proximidades, o que daria 1 km de distância da largada, para já ir aquecendo. A temperatura era de cerca de 17º C. Muito favorável para correr em uma cidade como Montes Claros, onde, frequentemente, a temperatura máxima ultrapassa os 30º C.
Às 8h05, foi dada a largada. Percurso bem conhecido: Praça os Jatobás/Ginásio Ana Lopes e retorna. Desta vez, em vez de se fazer duas voltas no mesmo percurso, o trajeto da prova de 10 quilômetros passava ainda pela avenida Vicente Guimarães, para completar a distância da prova. Tudo certinho, no ritmo que minha experiência de quase 8 anos no mundo da corrida de rua e minhas condições físicas permitiam. Ao final, consegui meu recorde na distância: percorri os 10 km em 48:35, e obtive aquela satisfação de dever cumprido que apenas quem corre conhece.
Para mim, foi uma vitória, apesar do resultado oficial da competição insistir em dizer que fiquei na 64ª colocação entre os 99 atletas do sexo masculino que concluíram a prova. Mas corrida de rua é isso mesmo: todos aqueles que ultrapassam a linha de chegada são vencedores, tenham realizado o percurso em 32 minutos, como o vencedor dessa edição, 48 ou em 1 hora e 14 minutos, como o colega que encerrou a competição. Todos venceram o sedentarismo, a dor peculiar ao esforço físico e saíram da zona de conforto em direção a uma versão melhor de si mesmos. Como trazia um post de Instagram acompanhado pela foto de Eliud Kipchoge, o maior ídolo das provas de longa distância da atualidade: “a corrida não é sobre meta ou linha de chegada, mas em que você se transforma nesse percurso”.
* Attilio é jornalista da Prefeitura e atleta amador
Todos os direitos reservados a Prefeitura Municipal de Montes Claros © 2018-2025