Imagem de destaque HISTÓRIAS DE MONTES CLAROS - Inocente ou culpado? Conheça a história de Joaquim Nagô

HISTÓRIAS DE MONTES CLAROS - Inocente ou culpado? Conheça a história de Joaquim Nagô

23/10/2025 - 09:59
SECOM | Texto: Hélder Maurício | Foto: Divulgação

Joaquim Nagô foi uma das figuras mais controversas da história de Montes Claros. Nagô, que também era chamado de Joaquim Africano, foi um jovem escravizado, natural de Nagô, na África. Ele era considerado, naquela vergonhosa época da escravidão brasileira, "propriedade" do Brigadeiro Manuel Gonçalves da Cunha, integrante do Exército da Bahia.

Conta a história que Nagô foi acusado de assassinar, no dia 22 de abril de 1835, Joaquim Antunes, em São José de Gorutuba, distrito histórico de Porteirinha, a 173 quilômetros de Montes Claros. Pelo ato, o homem foi a júri popular, condenado e morto por enforcamento nas cercanias do atual Café Galo, localizado no centro de Montes Claros, no dia 30 de maio de 1836. Essa rua hoje se transformou em um calçadão chamado popularmente de Quarteirão do Povo.
 
A controvérsia em torno de Joaquim Nagô está na dúvida se ele foi responsável ou não pelo assassinato. Isso porque duas correntes históricas divergem sobre o fato. Segundo a primeira, defendida por Itamaury Teles, escritor, jornalista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, Nagô teria sido acusado sem qualquer prova evidente, tendo ele negado insistentemente a autoria do crime. Sua inocência se comprovaria depois de um tempo, quando, na cidade de Diamantina, um tropeiro agonizante confessaria a autoria do crime.

A outra corrente histórica é defendida por Alysson Luiz Freitas de Jesus, do curso de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tendo como orientador o Prof. Dr. Eduardo França Paiva. Intitulado “Poder público x Poder privado: Violência no sertão norte mineiro – Séculos XVIII e XIX”, o estudo afirma que Nagô, em um interrogatório, não negou ser, de fato, o assassino de Joaquim Antunes, confessando, inclusive, detalhes do ato: três facadas na goela e uma na boca do estômago de seu oponente. De acordo com o informativo acadêmico, tudo começou porque Nagô teria agredido uma escravizada de Joaquim Antunes, a quem ela foi se queixar, solicitando que “acalmasse” o escravizado, dando assim início assim à cadeia de eventos que culminou nas duas trágicas mortes.