Montes Claros está recebendo uma inovadora pesquisa sobre a COVID-19, com o objetivo de avaliar a eficácia de alguns medicamentos no tratamento precoce do coronavírus e diminuir a hospitalização e a mortalidade dos pacientes testados positivos. A pesquisa é realizada no município com o apoio dos profissionais da Atenção Primária e de acadêmicos de Medicina das faculdades da cidade. “Montes Claros entra como protagonista numa pesquisa que vai determinar a eficácia ou não de medicamentos contra a COVID-19. Nossa cidade, que foi o berço do SUS, quando um grupo de sanitaristas propôs um projeto de um sistema de saúde organizado para atender de maneira gratuita a população”, destaca a secretária municipal de Saúde, Dulce Pimenta.
O estudo, que está sendo realizado também em outros países, como Estados Unidos, Canadá e África do Sul, será feito em dez cidades brasileiras. Além de Montes Claros, participarão as cidades mineiras de Belo Horizonte, Betim, Nova Lima, Governador Valadares, Sete Lagoas, Brumadinho, Confins e Vespasiano, além de Araraquara, no estado de São Paulo. “Não existe hoje preconizado no mundo um medicamento que seja comprovado, através de pesquisas científicas, para o tratamento na fase inicial da COVID. Diariamente, vivenciamos polêmicas no mundo sobre medicamentos que têm eficácia contra o vírus. São necessárias pesquisas científicas sérias para que sejam preconizados tratamentos com segurança”, ressalta a secretária.
Serão testados dois medicamentos, Hidroxicloroquina e Lopinavir/Ritonavir, que já são utilizados há mais de 80 (Hidroxicloroquina) e 20 anos (Lopinavir/ Ritonavir). “O paciente é esclarecido sobre a pesquisa e em momento algum é obrigado a participar. Temos consciência dos efeitos colaterais das drogas e tratar com o apoio e organização de uma pesquisa é mais tranquilo, uma vez que temos uma estrutura montada para monitorar o paciente diariamente, realizar eletrocardiograma e verificar as condições clínicas. Teremos uma equipe disponível 24 horas”, esclarece Ana Paula Figueiredo Guimarães de Almeida, médica da Família e Comunidade e coordenadora da pesquisa no município.
O estudo é financiado pela empresa internacional CYTEL CANADA HEALTH INC. “A própria pesquisa vai oferecer o teste RT-PCR, garantindo agilidade no resultado. Assim que chegar o resultado e for positivo, o paciente receberá uma visita do médico da equipe, será novamente esclarecido e se aceitar permanecer na pesquisa receberá o medicamento. Além da medicação, ele receberá um kit com um oxímetro de dedo (para medir o nível de oxigênio no corpo), um termômetro e um eletrocardiograma portátil. E nossa equipe fará o monitoramento diário por dez dias. Duas outras coletas serão realizadas nesse período”, conta a coordenadora.
Após os dez dias de acompanhamento, será realizado contato telefônico após 14, 28, 56 e 90 dias do término, para avaliar os possíveis efeitos colaterais a longo prazo. O kit, que é disponibilizado pela empresa financiadora, conta com aparelhos modernos, importados e com tecnologia de ponta. “É uma pesquisa que pode nos responder sobre um tratamento que diminua a hospitalização e mortalidade da pessoa infectada. Infelizmente ainda não temos nada com comprovação científica. Montes Claros foi escolhida por ser uma cidade importante no Norte de Minas, polo universitário, possuir 100% de cobertura por Equipes de Saúde da Família, por ter profissionais engajados no trabalho e pelo seu pioneirismo no SUS”, ressalta Ana Paula.
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